Poderes Presidenciais em Moçambique:
Excessivos ou Não?

Num momento em que Moçambique enfrenta desafios institucionais e democráticos, a Iniciativa Manifesto Cidadão realizou, no dia 23 de Julho, a primeira edição virtual do espaço Terreno Comum, com o tema: “Poderes Presidenciais em Moçambique: Excessivos ou Não?”

O debate contou com cerca de 80 participantes e intervenções de destaque de Tomás Vieira Mário e Gabriel Muthisse, sob moderação do académico Elísio Macamo.

O que é o Terreno Comum?

O Terreno Comum é um espaço da Iniciativa Manifesto Cidadão, que visa promover o diálogo entre cidadãos com diferentes visões políticas, com base no respeito mútuo e na convivência democrática. O seu objectivo é reflectir sobre como o sistema político pode acomodar diferenças de opinião sem recurso à violência.

Elísio Macamo
Gabriel Muthisse

Duas Perspectivas sobre o Presidencialismo

Tomás Vieira Mário defendeu que o sistema presidencialista moçambicano concentra excessivamente o poder na figura do Presidente da República.

“O Presidente nomeia altos magistrados, não é interpelado pelo Parlamento e interfere em instituições que deveriam ser independentes.”

Propôs:

  • Nomeação de juízes e reitores universitários entre pares ou pelo Parlamento;
  • Reforma do sistema eleitoral com listas abertas.

Gabriel Muthisse apresentou uma visão oposta.

“O problema não está no modelo, mas na fragilidade das instituições.”

Defendeu:

  • Legitimidade do presidencialismo por via do voto directo;
  • Maior autonomia universitária;
  • Interferência política moderada na nomeação de juízes, como prática comum em várias democracias.

Contributos que Ampliaram o Debate

Durante o Terreno Comum Virtual, os participantes trouxeram propostas inovadoras e críticas construtivas:

  • José Jaime Macuane: Defendeu a inovação institucional, sugerindo a eleição de juízes por sufrágio ou entre pares.
  • Carlos Mondlane: Propôs a criação de modelos institucionais próprios, adaptados à realidade moçambicana.
  • Samuel Caminete: Destacou o desalinhamento entre os objectivos do governo e da sociedade como causa central dos problemas.
  • Ramalho Licoloma: Alertou para a necessidade de mecanismos de prestação de contas em qualquer sistema.
  • Eduardo Ficher: Reforçou que o essencial é ter uma estrutura funcional e responsável, independentemente do modelo.
  • Ernesto Nhanale: Sugeriu alargar o debate para discutir qual o sistema político mais adequado para Moçambique.

Consensos e Divergências

  • Consenso: Reforçar o Parlamento e democratizar os partidos políticos.
  • Divergência: Grau de interferência política aceitável na nomeação de magistrados.

A discussão evidenciou a urgência de adaptar os modelos institucionais à realidade nacional, promovendo inovação e soberania institucional.

Próximos Passos

A Iniciativa Manifesto Cidadão compromete-se a:

  • Realizar debates semanais sobre os temas do manifesto;
  • Convidar até quatro intervenientes por sessão, para maior diversidade de perspectivas;
  • Estimular a participação cidadã através de formatos abertos e inclusivos.

Contactos:

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